Quando criei “As Crônicas de Nila”, pensei em um espaço para escrever coisas não tão sérias, este blog foi pensando como um lugar para colocar minhas ficções, meus devaneios, trivialidades e cotidianos para quem sabe, escrevendo despreocupadamente, eu voltasse a ter prazer em escrever academicamente.
Essas questões me deixam extremamente tristes, o discurso vazio, desprovido de experiências que os políticos utilizam para eleger-se é tão enraizado na cultura de nossa população que por mais que lutemos para extingui-lo sempre teremos aqueles que inconscientemente se levantam e defendem e estes também podem ser professores e intelectuais.
Outra questão que me revoltou essa semana, e de certa forma acaba ligada a primeira, foi o descaso do poder público com a escola. Sei que muitos vão afirmar: Ah! Mas isso é comum!
De fato é comum, mas jamais irei me acostumar, não posso me acostumar, minha ÉTICA não me permite!
Essa semana os ônibus que conduzem os alunos de casa par escola e vice versa, simplesmente “pregaram”. E não pregaram por que as estradas estão esburacadas a ponto de invalidar uma peça ou furar um pneu, não pregaram porque são ônibus velhos sem estrutura ou segurança para carregar quase 200 alunos, não, não foi por isso. Pregaram pelo simples fato de não ter óleo.
Isso mesmo meus caros amigos, os ônibus não tinham óleo, combustível para rodar.
O resultado foi quase 80 alunos tendo que voltar à escola a pé, com apenas um funcionário, que os acompanha no ônibus para deixá-los, em meio a uma estrada perigosa com elevado fluxo de carretas e caminhões, pois a região é repleta de indústrias de extração de minério e jazidas de areia, pedra etc.
O pior foi ver o desespero e a humilhação de quem é responsável por essas crianças na escola, que começou a ligar insistentemente para providenciar uma solução ao impasse. A distância da escola para algumas comunidades estão a quase 20 km de distancia da escola e ir a pé enquanto anoitecia era loucura, para não dizer crueldade!
Mas a resposta as súplicas só veio 2horas depois. Eu atendi ao telefone:
“Diga à diretora que já enviei um e-mail ao secretário, ele já está sabendo do ocorrido”.
Não, ele não foram, não houve ônibus para levar as crianças.
Pais chegavam de bicicletas, a pé, de carro, caminhonete, de carona, atrás dos seus filhos, os que sobraram foram de ônibus coletivo depois que foi pedido carona.
É assim que essa administração trata a educação, distribuindo leite, fardas, mas não dando o que é de fato seu dever EDUCAÇÃO.
A escola em que trabalho agoniza e só funciona porque uma parte dos professores é extremamente compromissada, mas há 14 carências, isso significa que faltam 14 professores para completar o quadro. Existem turmas que não tem professor de Educação física, por exemplo, há mais de quatro anos. Não há coordenadores em nenhum dos turnos, os funcionários, que fazem o serviço administrativos, estão a três meses com salários atrasados, os professores contratados não recebem em dia e o microônibus que fazia o transporte dos alunos a noite simplesmente deixou de aparecer com a justificativa que não dinheiro para colocar gasolina e a demanda do Eja é muito pequena.
Por que são menos alunos eles não tem os mesmos direitos? Eu me pergunto para onde vai a verba do Fundeb?
Nem posso responder, pois assim como na ditadura militar onde a liberdade de expressão era tolhida, temos até Deputadas, partidárias da administração, ligando para as rádios de oposição ameaçando de processo por falar a verdade.
A lei é usada a favor dos exploradores e A Censura de hoje se chamar Processo.
A mudança só poderia vim pela Educação, mas como se essa política, que é mais baixa que a neoliberalista, sucateiam as escolas e negligência professores a quem mais precisa?
Como poderá haver mudanças se as crianças não têm com chegar às escolas?
Como poderá haver mudanças se não sabemos para onde vai a verba destinada a educação? Será que vai para pagar as propagandas que dizem “você pode não ver, mas estamos trabalhando”?
A propaganda do Canal Futura diz que são as perguntas que movem o mundo, mas por quanto tempo terei que perguntar para obter respostas?