Quando decidi revitalizar o blog, prometi para mim mesmo que teria uma regularidade, que DESSA VEZ, iria-me disciplinar e que pelo menos uma vez por semana iria escrever.
Fiz isso porque me sentia travada, desmotivada e sem prática para escrever academicamente. Os anos, apenas como professora da educação básica, sem pressão para escrever e publicar e a ponto de estourar com o estresse e as coações do sistema educacional, me fizeram desacreditar na minha própria escrita, foi, portanto para relaxar e principalmente para me resgatar enquanto escritora que resolvi escrever no blog, escrever de forma descompromissada poderia trazer de volta a vontade e a motivação para escrever academicamente.
E realmente eu não estava errada, voltei a escrever e em breve publicarei meu artigo em uma revista eletrônica, ainda não estou completamente satisfeita, essas duas ultimas semana o trabalho foi tão intenso que deixar passar a publicação da semana passada e o que ocorreu é que também não surgiu uma boa história para contar. A coisa (o blog) foi se encaminhando de tal maneira que quando dei por mim estava usando o blog para denunciar, para extravasar minha raiva e frustrações sobre alguns setores que me angustiava principalmente a educação. Minhas crônicas, que a priori seriam coisinhas sem importância, tornaram-se muito espaço para falar de coisas sérias como o descaso do nosso governo com a educação e a desvalorização do professor como profissional. Não sei se irei continuar escrever sobre isso, ainda não é minha intenção, mas sempre que eu me sentir revoltada por algo irei escrever, denunciar e mesmo que poucos acessem essa página ainda assim continuarei escrever, pois esse é meu espaço e utilizarei todas as armas que possuo para defender o que acredito.
Pois assim como disse Marthin Luther King:
"Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder, eu prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver"
E se você também é um que não admite e não consegue viver em conformidade com esse mundinho pequeno burguês, hipócrita e preconceituoso sinta-se a vontade para participar do Bloguinho, sempre é bom saber que não estamos sozinhos na luta.
Nunca imaginei transformar o blog em um veículo de denúncia, eu queria na verdade, descontrai, falar o que penso, enfim coisas divertidas. Mas infelizmente nas últimas semanas o que penso é atravessado pelo o universo da revolta. Revolta principalmente contra o descaso com a educação.
Nessa semana o governante da nossa sonífera ilha resolveu promover jogos escolares. A iniciativa seria louvável se não acreditasse que é apenas mais um artifício para tentar ludibriar a população e promover uma administração que se caracteriza pelo Caos.
As escolas do município foram convidadas a participar da abertura do JEPs (jogos das escolas públicas municipais, acho que é isso) no estádio do Nhozinho Santos e é claro a UEB em que trabalho foi prestigiar nossos atletas.
Saímos da zona rural com cerca de 80 crianças e chegamos por volta das 14h30min, mas, pelo que eu soube, já havia alunos de outras UEB desde as 13h30min.
Ao chegarmos lá nos deparamos com um sol forte, o calor escaldante, as cadeiras quentes e nenhuma proteção nas arquibancadas. Sentamos na parte da arquibancada que fazia menos sol, ao lado da única parte coberta e que é claro destinada a comitiva do prefeito, mas a “desorganização” do evento não se contentou com nossa iniciativa e nos removeu para um local no qual ficaria melhor para bater fotos e o prefeito nos avistar, ou seja, na área de maior sol.
É incrível como ninguém pensou na saúde daquelas crianças, era mais de 300 no sol quente, agoniadas, agitadas esperando um evento começar e que não começava. Sentir pena de meus alunos, onde está a promotoria quando precisamos dela? Porque tal evento não foi colocado em um local coberto? Porque deixar crianças esperando por quase 4 horas?
Depois de uma ação da diretora da escola, que foi até a organização começamos a distribuir garrafinhas d’água, mas já passavam das 16h30min e nada de lanche para os alunos, novamente a diretora foi à organização, mas o que conseguimos foi ser desrespeitadas por aqueles que se dizem responsáveis pelo evento.
ELE IRIA DISTRIBUIR O LANCHE! Foi o que nos disse. Meia hora depois o “lanche” estava sendo jogado aos nossos alunos, como se joga ração a animais.
Lá por volta das 17hs nosso prefeito chegou, acenou a todos e os atletas entraram. Cantou-se o Hino e foi aceso, o que acho que era uma pira olímpica e depois de tudo nosso ilustríssimo governante foi embora.
Um pequeno show parecia que iria acontecer, mas já passavam das 18h00min, pegamos nossos alunos e fomos embora, nos nossos ônibus velhos, desconfortáveis e rezando para que não pregasse.
Tal evento, com toda sua “organização”, deve ter “custado muito” aos cofres da prefeitura, tanto que acredito que será a justificativa (injustificável) para o atraso nos pagamentos dos professores contratados e dos funcionários das cooperativas que prestam serviços gerais e administrativos às escolas da prefeitura.
Enfim é assim que a Semed de São Luis trata a educação, criando eventos nas coxas, não ligando para as escolas, deixando alunos sem aula por falta de professores, colocando-os em ônibus que atentam a segurança de tão velho que estão;
Foi esse o presente de dia dos professores da prefeitura de São Luis, descaso para com os efetivos e atraso de salário aos contratados.
Essa desvalorização freqüente a nossa profissão me entristece profundamente e nos leva a fazer uma reflexão sobre o nosso dia. Devemos mesmo comemorar?
Devemos sair nos congratulando por temos uma profissão tão importante e tão desvalorizada?
Por ocasião do dia 15 um amigo a quem respeito muito, como pessoa e como excelente professor de História, escreveu em sua página do Facebook as seguintes palavras que apoio e compartilho com vocês.
“DIA DO PROFESSOR! O Profissional que blábláblá... Cansei dessa baboseira toda... Sinceramente!!! Não me parabenizem, não me falem o quanto minha profissão é importante para a construção de um país desenvolvido, não me digam que todas as outras profissões dependem, para existir de (bons) professores, pois a grande realidade é que o senso comum nos diz, verborragicamente, isso tudo, mas não somos,na realidade, valorizados por essa sociedade hipócrita, que, quando muito, sente pena de nós, professores! É comum ouvir as pessoas dizendo "é professor, coitado! vive correndo de um lado pro outro, cansado, doente..." Basta!!! Não aceito parabéns de ninguém! Parabenizar-nos um dia para que nos outros 364 continuemos nessa vidinha? Cansaço, salários baixos, falta de tempo para estudar, pesquisar... enfim... Continuarei professor pois sou convicto disso, mas enquanto não for valorizado, não vejo motivo para congratulações e homenagens!
Não acredito em discursos vazios e palavrórios de nossa classe, que vive de joelhos perante às representações governamentais e patronais, mendigando (e não exigindo o que nos é de direito...) por melhores salários e condições de trabalho. Qual o crédito que recebemos pelo papel VITAL que temos??? A representação sindical dos professores da rede estadual se vangloria de forçar o governo a pagar o piso salarial... (que é uma miséria e está previsto em lei!) - ainda assim, outras formas de reconhecimento e melhoria para a carreira docente, como políticas de incentivo a mestrado, doutorado e afins, sequer entram em discussão! Triste... Na rede particular...na rede particular... A "equação" é mais simples: CULTURA SINDICAL (não apenas dos Sindicatos, mas dos sindicalizados) = CAMPEONATO DE PRAIA + PAGODÃO DA EDUCAÇÃO + CAMPANHA SALARIAL ANUAL - (CONSCIÊNCIA DA CLASSE)... Somos ridicularizados porque nossa auto-estima, excetuando-se este dia, é baixíssima!Ah... e só para completar... Na rede federal, os IF's, em greve há mais de 2 meses, sequer recebem alguma referência... Lembram da greve dos Correios e Bancos? Esses sim, tratados pela imprensa e sociedade como serviços essenciais - QUE REALMENTE SÃO!!! Já o nosso métier, posto de lado pelo governo, pela imprensa (divulgação de notas minúsculas...) e, desta forma, pela sociedade... Enfim, ainda assim, ACREDITO! Gosto do que faço e faço muito bem, sem falsa modéstia! Quero, contudo, que o suor do meu trabalho (que desempenho com muita dignidade), seja o bastante para que eu possa proporcionar à minha família uma vida material estável e digna. Ainda assim, agradeço imensamente o carinho manifestado por alunos-amigos que sei que tenho! Vocês são, de fato, um combustível essencial para nós nessa lida diária! E é isso!
Chega de ficar aceitando míseros parabéns desses podres poderes (público, privado, midiático) nossa categoria merece mais, merece RESPEITO. Assim como já é feito em outras datas (13 de maio, por exemplo) o dia 15 de outubro deve se transformar!
Não é mais uma data só para festas, ele deve ser lembrado como um dia de protesto e reflexão, uma luta constante por valorização. Aí sim quando obtivermos isso, aceitarei de bom grado todos os parabéns que “aqueles poderes” quiserem me dá.
Quando cheguei em casa naquela noite, estava exausta. Passei o dia todo trabalhando, em pé com uma dor de cabeça infernal, tudo que queria era descansar e como de práxis me joguei no sofá, minha irmã na outra poltrona começava a falar do seu dia, quando de repente, como se lembrasse de algo que precisava me contar, se virou para mim e disse:
- Você não imagina quem morreu hoje! Não é nenhuma celebridade artística, mas era muito importante para a tecnologia.
Imediatamente lembrei-me de uma reportagem sobre o gênio da Apple, na qual falava da sua saída da empresa e de sua doença, lembro-me de suas fotos, assustadoras devidas seu estado quase cadavérico.
Quando falei Steve Jobs, minha irmã apenas confirmou minhas suspeitas, fiquei triste, postei isso nas páginas de meu “face” e vi um amigo me recriminar, afinal qual meu contato com Steve Jobs?
Ora nenhum, a não ser que sou mais uma das centenas de milhares de pessoas que utiliza as máquinas inventadas por ele.
Minha tristeza por Steve Jobs é semelhante a tristeza que sinto quando alguém a quem não conheço, mas respeito muito morre. Evidentemente ele foi antes de tudo um gênio, mas meu respeito a ele vai além de sua genialidade, meu respeito a ele reside na sua perseverança e na sua capacidade de se reinventar.
Como todas as mídias já falaram Jobs foi rejeitada por sua mãe biológica, uma universitária que prezava tanto a graduação que não quis ou não pode ficar com filho e entregou à adoção, seu único desejo era que os pais da criança fossem graduados, o casal escolhido foi um advogado e sua esposa, que quando chegou a hora de buscar a criança desistiu, pois queriam uma menina. Assim os pais de Steve Jobs foram um operário, que não terminou o 2º grau, e uma dona de casa, que foram buscá-lo assim que contatados.
Ele cursou o High School, provavelmente sofrendo Bulying (ele era o próprio esteriótipo de Nerd), entrou na faculdade, mas desistiu, acreditando que o esforço dos pais para pagá-la não valia a pena, convenceu-os. Ele abandonou a universidade, mas não as aulas que passou a assistir como ouvinte, passou a dormir, de favor, no chão do quarto de amigos, andava mais de 10km até templos budistas para ganhar um prato de comida, estudava só e se reinventa, montou com um amigo, no quintal de sua casa, o que seria um dia uma das maiores empresas de tecnologia do planeta, apostou na idéia de um computador pessoal.
Vence, cresce, enriquece e é demitido, pelo sócio, da empresa que ele mesmo criou.
Não desiste, se reinventa, aposta tudo em uma nova empresa, cria a Pixar e lança nos cinemas Toy Story, Sucesso! A Pixar toma proporções grandiosas ao ponto de sua maior concorrente, a Disney, resolver comprá-la, não havia como vencê-la.
E Jobs novamente vence, é chamado para voltar a sua antiga empresa e volta com mais novidades, IPod e IPhones... E a Apple decola a uma magnitude inimaginável.
Até que veio o câncer, um tipo raro, agressivo, no pâncreas, o próprio médico disse para ele deixar seus negócios em ordem e realmente ele deixou, surgiu os IPads.
Mesmo diante da morte ele continuou sendo o que ele sabia ser, Gênio!
É por isso que eu o respeitava e admirava.
Ele assim como, Bill Gates e Mark Zuckerberg, mostraram que mesmo sendo nerds, humilhados, excluídos e rejeitados, na infância e adolescência, quando se tem perseverança e coragem há como se tornar um vencedor.
Evidentemente quando se é o adolescente a espera pelo futuro pode e é assustadora, mas não há nada mais rico que o amadurecimento e isso só podemos perceber com o tempo, coisa que Jobs retrata como ninguém.
Em seu discurso em Stanford, uma das mais prestigiadas universidade dos EUA, ele deixa a seus ouvintes três histórias de sua vida, que na minha interpretação pode ser sintetizada em algumas lições:
1.Você não pode conectar os pontos olhando para frente, você só pode fazer isso olhando para trás, portanto você tem que confiar que um dia eles serão ligados.
2.Você tem que descobrir o que ama, seu trabalho vai preencher uma grande parte de sua vida e a única maneira de está satisfeito é acreditar que é um ótimo trabalho e a única maneira de fazer um trabalho excelente é você amar o que faz.
3.A morte é provavelmente a melhor invenção da vida, pois ela é o agente de mudanças, ela tira o velho do caminho e abre espaço para o novo. Hoje você pode ser o novo, mas inevitavelmente você será o velho algum dia, em outras palavras seu tempo é limitado, portanto não o gaste sendo quem você não é. Tenha coragem de seguir seu coração e intuição elas já sabem o que você quer mesmo antes de você se dar conta disso.
O vídeo já virou hit na net e eu vos deixo para que tirem suas próprias conclusões.
Eu já tirei as minhas;
PS: Meus agradecimentos a Mariza Nobre que de certa forma me incentivou a escrever esse texto. O vídeo também é dedicado a você Mariza e a Vinícius, espero que ele contribua em algumas decisões.