quinta-feira, 8 de abril de 2010

Crônica I: Ele e Ela

Era um relacionamento no mínimo diferente, sem cobranças, sem culpas, sem desagrados, apenas o presente era importante.

Eles gostavam de como eram diferentes, mas também gostavam de fingir um relacionamento padrão de vez em quando. E assim, em tom de mais um jogo deles, que ela foi se despedir e desejar boa viagem. Por um instante, enquanto ele guardava suas coisas no ônibus, ela vislumbrou o ambiente no qual estava: pais deixando seus filhos, namoradas se despedindo e fazendo recomendações, jovens quase adolescentes eufóricos para participar de seus encontros de estudantes.

Ela lembrou as próprias viagens que fez como universitária e riu, porque ele está indo assim. Ele não é mais um estudante, será que é só a vontade de se sentir jovem?

Enquanto ele descia as escadas ela o viu e a resposta veio rápida. Ele ainda é jovem, um menino na verdade e isso não vai mudar.

Ele sorriu para ela, foi em sua direção, a abraçou e a beijou.

- Porque estudantes?

- É mais divertido assim!

Ela sorriu, por quanto tempo ia durar aquela brincadeira? Dois intelectuais, racionais, independentes juntos em um jogo no qual ambos prometeram, não se apaixonar. Será que haveria vencedores?

Ela dizia os lugares para onde ele deveria ir e ele complementava com outros pontos que queria rever.

- Quando você voltar devemos marcar uma viagem só para nos.

-Venha comigo na próxima reunião científica, é daqui a três meses.

-Adoraria ir, mas já tenho compromisso para essa data.

-Então vamos para um lugar mais próximo, atravessamos o canal e

-Estamos na cidade histórica. Eu pensava justamente nela.

Ele riu e ela também. Ela enlaçou seus braços no pescoço dele e depois de um longo beijo ela lhe sussurrou:

- Não faça nada que eu não faria.

-Isso soou como uma frase bíblica.

-Definitivamente não foi isso que quis dizer.

- Sim, mas lembrou-me. Ela o interrompeu com um beijo, enquanto o ônibus buzinava para todos embarcarem;

Enquanto eles se afastavam ela falou firmemente.

-DIVIRTA-SE!

Ele sorriu e retrucou:

-COMPORTE-SE.

Ela deu uma gostosa gargalhada enquanto ele rindo subia para o ônibus.

Eles eram assim até quando ia dura não importava, nenhum dos dois vislumbrava um futuro consolidado. O importante era o presente e somente ele.


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