domingo, 23 de junho de 2013
"Ninguém aqui vai notar, mas eu jamais serei a mesma".
No dia 23 de junho de 2012 meu mundo acabou... exatamente as 2:00 da madrugada o médico da emergência da UPA me falava que meu pai tinha sofrido um infarte fulminante e apesar de todas as tentativas não resistiu e faleceu.
Os momentos que seguiram não cabem ser relatados, a dor, a tristeza e a loucura que sentimos não podem ser descritos, apenas quem passa por algo semelhante pode ter um vislumbre de como é.
De tudo que passei no ultimo ano a coisa a qual mais me preocupei, em relação a mim, foi com minha sanidade, depois dos primeiros 15 dias sem dormir e com a paranoia chegando cada vez mais perto, tentei de tudo para não entrar em depressão. Escrevi algumas vezes falando da dor, desabafando, procurei amigos apenas para está ao lado deles, me cerquei de crianças para tentar ter a alegria de volta em minha vida, mergulhei no trabalho, criei projetos, passeios, orientei monografias, escrevi outra.
Derrubei minha casa e construir outra, devo confessar que acreditava que a medida que a nova casa era construída eu ia me reconstruindo também, foi um projeto audacioso e que me deixa orgulhosa até hoje, mas a verdade é que apesar de tudo isso, eu não conseguir mudar.
Ainda sinto uma saudade enorme dele, ainda sinto que ele vai chegar em casa procurando suas pimpolhas... acho que ele tá viajando, ou tá atrasado pro almoço, me pego chateada com ele por ele não tá aqui e sempre que pego suas ferramentas para fazer qualquer coisa sinto como se ele tivesse me olhando e dizendo: CUIDADO, Deixa eu fazer isso!
Mas nada dói mais que chegar a noite e não ver a rede branca estendida no terraço, com ele roncando e me esperando para abrir o portão.
Era engraçado eu buzinar e ele levantar esbaforido e me deixar entra. Era tão simples e precioso quando ele se arrumava todo, se perfumava ao extremo para ir a igreja, no domingo a noite.
Ele desfilava e perguntava: Tô bunito??, eu ria e dizia tá lindo papai...
Durante todo esse ano em que tentei não entrar em depressão, eu estava em depressão, para fugir da tristeza eu me sobrecarreguei de tudo que podia e sinceramente não sei se não continuarei a fazer isso, apesar de não esconder o que sentia eu colunas para me segurar em pé. Sei hoje que elas não apagam a dor nem a tristeza, mas permitem que eu fique em pé e isso é importante.
Quando fui ao cemitério hoje, não conseguir sentir que meu pai estava lá, para mim nada daquilo tem haver com ele... para mim ele ainda vai bater no portão de casa dizendo que esqueceu a chave, ele ainda vai gritar para mim buscar a rede dele, eu ainda vou sentar ao seu lado e espremer os cravos de seu rosto, ainda vamos ter nossas discussões religiosas e ele ainda vai explodir de orgulho toda vez que coloco minha beca de professora para ir a alguma colação de grau da faculdade...
O tempo não vai melhorar isso, tenho certeza hoje que isso não vai passar. Um pedaço de mim foi arrancado e sempre um buraco vai está lá, o tempo vai apenas me ajudar a aprender a conviver com a dor que a cada dia, fica pior, pois você espera por algo que não vai chegar.
Obrigada a todos os amigos que me acompanham, que estão ao meu lado, que perceberam que eu mudei e compreendem o que acontece. A escrita é um desabafo, uma das muitas formas ritualísticas que me obrigo a fazer para manter minha sanidade, por isso não há necessidade de comentários ou palavras de solidadriedade. Continuarei fazendo o que sei fazer de melhor, para me manter firme e como já dizia a letra da música "Ninguém aqui vai notar, mas eu jamais serei a mesma".
EVOEH!
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Sinto muito, eu perdi o meu pai a pouco tempo, mi sinto perdida sem nenhuma direção, a minha mãe sente a mesma coisa. Estamos pensando ir embora para outra cidade.
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